Ciência
Estudantes protestam contra cortes em bolsas e pesquisas
Dia de Mobilização Nacional em Defesa da Ciência, da Educação e das Bolsas Estudantis ocorreu em Pelotas e em todo país
Carlos Queiroz -
Alunos de diversas instituições federais foram às ruas pelo Brasil nesta terça-feira (26) para reclamar do corte de orçamento para pesquisa no País. Em Pelotas, o protesto que fez parte do chamado Dia de Mobilização Nacional em Defesa da Ciência, da Educação e das Bolsas Estudantis se deu em frente ao prédio do Lyceu, no Calçadão da rua Andrade Neves, esquina com Lobo da Costa. Dezenas de alunos da UFPel protestaram contra o atraso no pagamento de bolsas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e do Programa Residência Pedagógica (RP).
Integrante da coordenação geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Cassio Lilge disse que o ato faz parte de um calendário nacional criado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) junto a outras entidades estudantis, como União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG). Segundo ele, o objetivo é reverter o corte orçamentário no Ministério da Ciência que comprometeria pesquisas e bolsistas. Os estudantes também cobram a aprovação imediata do PLN 16/2021, que tramita no Congresso Nacional e garantiria orçamento complementar para o pagamento de bolsas em atraso.
"Cada um tem uma condição de renda, familiar, social específica, mas para muitos esses R$ 400,00 é um complemento e tanto, que ajuda a pagar contas de casa. A luta é que não haja esse corte tão grande que é destinado à pesquisa, mas também uma ação imediata para que haja o pagamento imediato desses bolsistas", diz Lilge. "São centenas de bolsistas da nossa instituição [UFPel] deixando de receber pelo seu trabalho. Isso prejudica a economia", acrescenta, apontando a necessidade de apoio de deputados e senadores.
Atrasos
Uma das estudantes atingidas é Letícia Garcia, bolsista de Residência Pedagógica do curso de Pedagogia da UFPel. Ela conta que o pagamento de setembro deveria ter sido efetivado no dia 10 daquele mês. Entretanto, ainda não há previsão de recebimento. "Além dos pagamentos desse edital do Residência Pedagógica, também queremos que o programa tenha garantia de continuidade em 2022, para que outros alunos possam participar", destaca.
"Para mim, isso é primeiramente um desrespeito aos estudantes bolsistas. Estamos, sim, vinculados a esses programas, pois queremos fortalecer nossa formação e nos tornarmos excelentes profissionais. Ao entrarmos no RP assinamos um contrato que garantia o recebimento das bolsas e, pensando na atualidade, com a pandemia ainda em auge e a realidade de muitos alunos que, assim como eu, precisam do dinheiro para sobreviver, entende-se que este tipo de corte e atraso não pode acontecer", desabafa.
Ainda ontem, o Conselho Universitário da UFPel, em nota, expressou repúdio ao atraso nos repasses. No texto, é informado que, apenas na instituição, são 270 bolsista do RP e que o Pibid conta com a parceria de 23 escolas públicas e 360 estudantes bolsistas e voluntários nos 15 núcleos de atuação. Ao todo, são mais de 60 mil bolsistas afetados no Brasil.
"Perante o atraso do pagamento das bolsas, estudantes e professores de todo o País estão em mobilização para divulgar a problemática à comunidade, pressionar os responsáveis, reivindicar a permanência dos programas e denunciar o governo federal quanto ao descaso com os recursos da educação, da ciência e tecnologia no Brasil. As bolsas são um direito dos estudantes e não privilégio, por isso, nos somamos à luta e exigimos uma solução: Capes Pague as Bolsas PIBID e RP", diz a nota.
Relembre
No último dia 7, o Congresso remanejou mais de R$ 600 milhões do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações que seriam utilizados para o financiamento de pesquisas, destinando para aplicações de outros sete ministérios. A modificação foi a pedido do Ministério da Economia. Três dias depois, o ministro Marcos Pontes criticou o corte e descreveu a situação como "falta de consideração". Na última quinta-feira, um requerimento de audiência pública sugerido pelo presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT), o senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) foi aprovado pelo colegiado, entretanto, ainda não há previsão de data.
O PLN 16/2021, enviado em agosto pelo Poder Executivo, prevê a abertura de crédito suplementar de R$ 690 milhões para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, destinado à Comissão Nacional de Energia Nuclear e ao Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Porém, este mês o ministro da Economia, Paulo Guedes, solicitou a mudança, recomendando a transferência de R$ 600 milhões dos R$ 690 milhões para outras áreas.
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